O fiasco da Blackbox
Enquanto isso, Omtzigt resolveu parar — o mesmo homem que ajudou a causar o escândalo das verbas para auxílio infantil ao exigir da Receita Federal uma repressão implacável contra fraudes.
Ao mesmo tempo, uma estranha “diretoria” explodiu de repente a Blackbx, fazendo isso com uma das justificativas mais absurdas que já ouvi: alegaram que os espectadores teriam um problema com o fato de a fundação contratar uma empresa para produzir os programas — sendo que é exatamente assim que toda Hilversum funciona.
A direção passou a exigir, de forma abrupta e agressiva, que Flavio doasse as ações da sua empresa para a fundação.
E o Flavio ainda fez isso, direitinho.
Aí já me perdem completamente em termos de credibilidade. Imagine só o Reinout Oerlemans doando todas as ações da sua empresa para a TROS, por conta de uma história nebulosa de que os membros da TROS teriam doado à TROS e, por isso, a emissora não poderia contratar empresas para produzir programas.
É tão incrivelmente inverossímil que toda essa operação BlackBX-Lighthouse me parece uma tentativa de arrancar mais dinheiro dos espectadores.
Vou assistir à transmissão dessa “diretoria” daqui a pouco, às 11 horas, com atenção redobrada. Esse tal de Jan van Aken é mais um desses tipos da escola de roteiristas — um reduto neoconservador que supostamente deveria formar os filhos dos ricos em escritores e poetas. A partir desse impulso de controle neoconservador, aparentemente a Blackbx também parecia um candidato interessante.
Quem é o verdadeiro vilão aqui? Acho bem provável que nenhum dos lados esteja dizendo a verdade — ou até que estejam agindo em conluio.
De minha parte, não vou abrir a carteira. Só fiz uma doação uma vez para o Left Laser, então eles já não podiam contar comigo. Toda essa construção da Blackbx-Lighthouse parece mais uma daquelas invenções de sala de reunião. Não ficaria nada surpreso se o primeiro programa for sobre Nosso Senhor Jesus.
Prefiro me debruçar sobre a obra de Adolf Endler.